Pescador / Agricultor
É conhecida a conciliação entre a pesca e a agricultura, que faz do pescador um agricultor e vice-versa. Esta articulação era vital na vida dos habitantes de Palheiros de Mira, num tempo em que a escassez de recursos e de meios comandava a vida. Naqueles tempos, um pescador podia ir ao mar lançar as redes, mas logo depois podia aventurar-se na pesca na barrinha ou na ria de Aveiro, ou ainda ir à horta. A agricultura nos pequenos quintais possibilitava a obtenção de mais alimento, logo, melhoria de condições de vida. Tudo contava, porque, estando o mar bravo, também se estava sujeito a intempéries e pragas. O solo de areias, pobre por natureza, era enriquecido pela estrumação abundante de moliço ou sargaço, de plantas e limos que cresciam nas margens dos lagos, misturado com restos de peixe e crustáceos.

Uma vida na Areia
Esfrega-se a casa, cobrindo de seguida o soalho com areia, para melhor conservação. – Raquel Soeiro de Brito, Palheiros de Mira, 1960



Alimentação
“As refeições padrão são: às 8 da manhã, café e broa; pelo meio-dia, caldo de couves, temperada com um naco de toucinho e engrossado feijão e arroz, e, no prato, com miolo de broa; pelas 5-6 horas, merendam o resto do almoço, um pouco de café bem quente com peixe frito; à noite, pelas 8-9 horas, a ceia: batatas cozidas ou assadas na areia previamente aquecida com brasas, um pouco de peixe e café e broa. […] No Verão varia o peixe e no Inverno o único recurso é a sardinha salgada.” Raquel Soeiro de Brito, Palheiros de Mira