Os Palheiros
Os primeiros pescadores, que sazonalmente se fixavam pela Praia de Mira, começaram a erguer abrigos para si e para as suas artes. Essas primeiras barracas de madeira, exemplares únicos de aplicação do material autóctone, começaram por ter como cobertura os tufos das plantas dunares, o estormo ou estorno (Amophila arenaria). Daqui resultou o seu nome, e o do núcleo urbano: Palheiros. Já há muito desaparecidas, as coberturas de estorno deram lugar aos telhados em madeira – de duas águas – material que, por sua vez, começou a ser substituído, já na década de 1930, por telha portuguesa de canudo. Primitivamente assentes sobre estacaria, técnica que garantia a passagem da areia impelida pelos ventos e pelas águas, evitando a acumulação junto às paredes, os Palheiros de Mira chegaram a atingir dois e até três andares, dimensões inexistentes em outras praias. Nestes, o acesso fazia-se por escada exterior a abrir para varanda e a comunicação entre andares feita por escada interior, estreita e íngreme. Antes das janelas de quadrículas em vidro, eram de portadas de madeira. Também em tempos idos, a chaminé era igualmente de madeira, guarnecida com folha de zinco. Mas os fogos frequentes determinaram a evolução para outras soluções, em zinco e cimento.


