Skip to Content A Faina Maior

Faina Maior

Faina-Maior-Esquerda
Faina-Maior-Direita

Data de há séculos a aventura dos pescadores portugueses nas rotas europeias dos bancos da Terra Nova, na pesca do bacalhau: a “Faina Maior”.  Seco e salgado, o bacalhau era económico, conservava-se por mais tempo e era uma excelente alternativa para os muitos dias do calendário religioso em que não se podia comer carne. Na década de 1570, a Faina Maior ocupava dezenas de navios e caravelas aveirenses, havia longas secas e o bacalhau era comercializado para outros lugares. Este dinamismo sofreu um forte revés a partir do século XVII. Motivos de ordem político-económica levaram à quase estagnação da pesca longínqua portuguesa, que assim se manteve, até ao seu relançamento na década de 1830. Cem anos depois, o Estado Novo reorganizou e dinamizou a indústria bacalhoeira: foi a “Campanha do Bacalhau”. A frota portuguesa de bacalhoeiros cresceu até atingir mais de 70 navios. Neles laboraram pescadores de todo o litoral português, como os de Mira, meses longe da família, na faina longínqua e arriscada do bacalhau, na arte da pesca à linha de mão, na solidão dos dóris.

“arriando, com Deus todas as madrugadas o capitão os despede com este mesmo grito e, em cada dia, ele fica longo tempo debruçado na amurada, apreensivo, com uma asa nostálgica a sombrear-lhe os olhos duros… esta é a pesca à linha, nos bancos da Terra Nova e da Gronelândia. Quem pesca assim? Só os portugueses, no mundo inteiro! lá vão eles: um homem e um barquito frágil… frente ao mar tão forte e tão volúvel, à neblina que pode tornar-se cerrada, ao vento que pode levantar-se rijo…um homem sozinho, frente ao infinito!! aí pelas duas, três horas da tarde, os dóris começam a voltar ao navio. mas âs vezes não voltam: sob o peso excessivo do pescado, ou pela fúria súbita da «brisa», o barco afunda-se… outras vezes, a névoa densíssima fá-los perder o navio-mãe: e são longos dias à deriva, sem água, sem alimentos, até que.. o zé robalo não voltou!” – Bernardo Santareno, Nos Mares do Fim do Mundo, 1959

Fotografia do interior do Museu da secção Faina Maior
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